Após a disponibilização do material completo do curso Seja Ágil com Scrum, nesta segunda postagem sobre o assunto falaremos um pouco sobre gerenciamento de projetos.
Sejamos sinceros: quem nunca iniciou a execução de atividades pessoais ou mesmo projetos profissionais de uma maneira totalmente desordenada, sem nenhum tipo de planejamento ou gerenciamento, que atire a primeira pedra! Muitos de nós já executamos o famoso XGH – eXtreme Go Horse (em tradução literal, Vai Cavalo Extremo), muito bem definido através do Go Horse Process.
Você já deve ter visto esta cena em um filme: o que acontece quando alguém dá um tapinha em um cavalo ? Sai em disparada, como louco, sem rumo definido. Por incrível que pareça, em alguns momentos, mais parecemos cavalos descontrolados que humanos racionais.
Seguem alguns dos princípios definidos no Go Horse Process:
- Pensou, não é XGH;
- Existem 3 formas de resolver um problema: a correta, a errada e a XGH, que é igual à errada, só que mais rápida;
- XGH é totalmente reativo;
- XGH não tem prazo;
- Quanto mais XGH você faz, mais precisará fazer;
- Até surgir um pouco de ordem, XGH não é perigoso.
Identifica algum dos princípios em algo que já executou ? Já fez a famosa gambiarra ? Nunca viu em um projeto um daqueles XGHs de grande porte, quase manga um larga ? Por que o XGH é tão difundido ?
Por duas vezes tive a oportunidade de ver neve em minha vida. É incrível como as únicas formas de vida observáveis são os seres humanos. Sem vegetações, sem animais, cenários lindos, mas mortos! E é exatamente o que acontece quando estamos em nossa zona de conforto. Não há crescimento, não há melhoria, embora tudo esteja, aparentemente, lindo.
O XGH é amplamente utilizado pois é cômodo: custa menos (a primeira vista), é mais rápido (com menos qualidade), demanda menos esforço de aprendizado e análise. Em 935 a.c., o famoso rei Salomão, conhecido por sua admirável sabedoria , já dizia:
“Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso” Ec 10:10
De acordo com o Guia PMBOK©, organizado pelo instituto PMI©e principal base de conhecimentos sobre gestão de projetos, temos que:
“Gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos”
Algumas das motivações para utilizarmos gerenciamento de projetos são:
- Obter o compromisso das partes interessadas (stakeholders);
- Ter comunicações eficientes;
- Obter recursos necessários;
- Alcançar resultados almejados;
- Trazer satisfação às partes interessadas;
O Guia PMBOK©, em sua quinta edição, possui 47 processos de gerenciamento de projetos, organizados em grupos de processos e áreas de conhecimento. Embora não seja o escopo desta postagem, as figuras a seguir exibem os grupos de processos e as áreas de conhecimento do PMBOK©.

Grupos de processo do PMBOK©

Áreas de Conhecimento do PMBOK©
Ok, cara pálida, quer dizer que agora, com o Guia PMBOK©, podemos sair do XGH e ter sucesso em todos projetos pois estaremos gerenciando-os adequadamente através dos 47 processos? Mais uma vez, recorreremos à sabedoria de nossos antepassados. No século XVIII, o rei Frederico II da Prússia, conhecido por suas vitórias militares, disse:
“Aquele que tudo defende, nada defende”
O gerenciamento de projetos baseado no Guia PMBOK©, costumeiramente chamado de gerenciamento tradicional de projetos, possui algumas características (C) enraizadas que também trazem problemas (P) aos projetos. Seguem algumas delas.
Característica: Planos e cronograma são detalhados no início do projeto através de documentos, gráficos e diagramas
Problema: Quantos diagramas de Gantt elaborados no início do projeto e corretos você já viu ?
Problema: Pessoas são contratadas apenas para elaborar ou atualizar artefatos de gerenciamento;
Problema: Há frustração porque planos antecipados, rotineiramente, não se concretizam;
Problema: Artefatos enormes que não serão lidos por ninguém são produzidos (sem significado);
Problema: Por vezes, artefatos tornam-se mais importantes que produtos.
Característica: Especificação detalhada e antecipada dos requisitos. BRUF (Big Requirements Up Front)
Problema: É muito difícil detalhar requisitos adequadamente no início dos projetos;
Problema: Em geral, como o cliente só pode pedir uma vez, no início do projeto, pede mais requisitos que os necessários (custos excessivos para clientes).
Característica: Mudanças durante o projeto são caras
Problema: Embora o PMBoK possua o processo “Controle Integrado de Mudanças” e aceite mudanças durante a execução, mudanças em projetos com planejamento prévio excessivo são mais caras;
Antes de prosseguir, gostaria de fazer um esclarecimento. Em minha humilde opinião, o gerenciamento tradicional de projetos e o Guia do PMBOK© continuam sendo fontes de conhecimentos riquíssimas. Fiz
um curso de contratações de TI com um auditor do TCU e uma frase que ficou gravada em minha memória foi:
“Quanto maiores os riscos, maiores deverão ser os controles”

Controle de riscos
Mesmo em projetos ágeis, o Guia PMBOK© pode atuar como uma fonte de conhecimentos e técnicas a serem aplicados de acordo com os riscos envolvidos (ele é um guia, não uma metodologia). Não acredita ? Olhe o que o Guia Scrum diz em sua conclusão:
“Scrum existe somente na sua totalidade, funcionando bem como um container para outras técnicas, metodologias e práticas“
Como isso dito, o grande entrave é que o gerenciamento tradicional é naturalmente “pesado” e os problemas decorrentes de sua utilização são realmente impactantes. Assim, saímos do nada, carinhosamente chamado de Go Horse, e partimos para o muito, chamado de gerenciamento tradicional.
Não seria interessante uma abordagem intermediária ? Nem tanto, nem tão pouco ? É nesse cenário onde o gerenciamento ágil de projetos nasce, com o propósito maior de sanar alguns dos problemas do gerenciamento tradicional, mantendo os benefícios do gerenciamento de projetos.
Acesse as próximas postagens:
História da Agilidade e do Scrum – Seja Ágil com Scrum – Parte 3
Um forte abraço e até mais.
That’s all!

Olá, sou Jonathan Maia, marido, pai, apaixonado por tecnologia, gestão e produtividade. Ocupo o cargo de Secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT7) desde 2021, onde ingressei como servidor público federal (analista de TIC) no ano de 2010. Fui diretor da Divisão de Sistemas de TIC do TRT7 entre 2018 e 2020 e também tenho experiência prévia na Dataprev, Serpro e Ponto de Presença da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) no Ceará.
Graduado em ciências da computação pela Universidade Federal do Ceará e especialista em gerenciamento de projetos de TIC pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Detentor das certificações em gestão e inovação: Project Management Professional © (PMP), Professional Scrum Master II © (PSM II), Professional Scrum Master I © (PSM I), Professional Scrum Product Owner I © (PSPO I), Kanban Management Professional © (KMP II), Certified Lean Inception Facilitator® (CLF), ISO 31000:2018 Risk Management Professional © e Project Thinking Essentials.
Desenvolvedor Full Stack, possuo experiência em diversas arquiteturas / plataformas de desenvolvimento. Já tive experiências profissionais em redes metropolitanas de alta velocidade (GigaFOR/RNP), business intelligence, desenvolvimento de sistemas, gestão de projetos e produtos, governança, etc. Experiência em dezenas de projetos com abordagens de gestão ágeis, híbridas e tradicionais, incluindo projeto com menção honrosa no Prêmio de Excelência em Governo Eletrônico (e-Gov).
Com dezenas de turmas de capacitação, oficinas ou palestras ministradas nas temáticas de gestão ágil, gestão de projetos, tecnologia, inovação e produtividade nas seguintes instituições: Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Tribunais Regionais do Trabalho do Ceará (TRT7), Pará e Amapá (TRT8), Sergipe (TRT20), Rio Grande do Norte (TRT21), Tribunais Regionais Eleitorais do Ceará (TRE-CE), Mato Grosso do Sul (TRE-MS) e da Bahia (TRE-BA), Justiça Federal em Sergipe (JF-SE), Justiça Federal no Ceará (JF-CE), Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), Instituto Federal do Ceará (IF-CE), Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IF-RN), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Gagliardi (Mobil), Udemy, Companhia Cearense de Gás (CEGÁS), Agile Trends Gov, Project Management Institute (PMI-CE), Cagece, Faculdade Estácio e Associação de Gerenciamento de Projetos do Mato Grosso do Sul (AGPMS).
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